Dicas para uma boa entrevista de emprego (versão sustentável)

As voltas que cada um dá em sua trajetória profissional é tão individual que jamais poderão ser relatadas com a veracidade de como foram vividas em torno de quarenta minutos de uma entrevista de emprego…

X-moment

Se o tempo não ajuda, o que fazer?

vamos primeiro dividir por partes

… Um profissional da área de RH ou psicólogo, neste caso , o entrevistador, examina como lhe cabe a  performance do candidato durante a entrevista com o olhar no peixe e outro na técnica, aliada às impressões captadas segundo a sua própria vivência e os padrões individuais misturados à um não sei que de intuição e outro de empatia para, por fim, chegar a algum resultado.

Enquanto isso você, do outro lado, numa posição bem mais difícil, tem pouco tempo para atrair e agradar o lado oposto que de comum têm só o emprego já conquistado na empresa que você aspira pertencer.

E aquela frase não sai da cabeça…

Por trás e no centro, a empresa, que despeja a tarefa e a necessidade de achar o adequado “fator humano” trazendo quiçá o que. Acreditando em seus padrões convencionais, sua visão é imediatista, vinculada à fatores econômicos, ponto de partida pensado e repensado milhões de vezes antes de optar por uma nova contratação. Em seu íntimo, em meios à cálculos, descrê, à partida, do homem e, numa posição de superioridade econômica, se autossabota ao ver que, por fim, é totalmente dependente desse recurso.

Portanto, agora são três os elementos vivenciando essa incessante expectativa, a entrevista e o resultado dela, em 01, 02,03… 40 minutos!

Cabe um preparo minucioso do “perfil adequado e o desejado também” assim fica bem mais fácil na múltipla escolha. Gabarito montado começa a entrevista.

Vale aqui entremear com uma experiência que passei há um tempo atrás. Experimentei fazer um teste para uma espécie de “central de artigos para Blogs/sites” . O teste consistia apenas em escrever um artigo sobre um tema à minha escolha e, caso fosse aprovado,  seria pago posteriormente. Haviam quatro ou cinco opções e eu, claro, optei por aquela relativa à minha área.

O tema escolhido no teste:

Dicas para se preparar para uma entrevista de trabalho

Enviei o primeiro artigo, não foi aceito, inexperiência, baixei a cabeça. Podia enviar de novo, enviei, não foi aceito, claro, talvez tivesse que ser mais técnica, rearrumei o texto e enviei novamente, Nada! desisti, definitivamente não sabia falar a linguagem desejada, o que me serviu de ensejo para abrir meu próprio espaço que ora escrevo!

Sabia de cor e salteado as dicas divulgadas maciçamente nos blogs, sites e redes sociais, da postura correta à forma de olhar, do que dizer, do que não dizer, do que ressaltar, do que esconder, como apertar a mão, sentar na cadeira, cruzar as pernas, vestir, calçar, olhar, piscar, como respirar, o que comer, pensar, quantas horas dormir na véspera, etc…. todo um manual detalhado para que o candidato nesse momento conseguisse se aproximar ao máximo possível do padrão que agradaria aos entrevistadores.

Não usei, porque não consigo, sinceramente, entender o que isso possa representar de verdadeiro numa entrevista, pois para mim não passa de mera ficção!

Será que são mesmo importantes tais dicas para se atingir um modelo padrão e se sair bem numa entrevista? Será que é certo vestir essa personagem? Ser um talentoso ator, antes de qualquer outro mistério? Será isso?? Ou será que existe realmente a intenção de encontrar uma pessoa comum, real?  Uma assim como eu, como você, como ele(a), como o(a) entrevistado(a), o entrevistador(a) ou mesmo o dono(a) da empresa? Certo que em meio à tudo isso estão as habilidades, competências e experiências específicas para o cargo em questão, que neste caso, supostamente já terão (ou deveriam) ter sido analisadas no CV após uma triagem cuidadosa, mas voltando à entrevista, o que pode afinal ser um diferencial que efetive uma entrevista de emprego quando o que se espera é encontrar uma máscara? o que é permitido à você, candidato, trazer à tona sem receios, a sua verdade, suas desventuras e erros? ou seja você? Até que ponto a necessidade de arranjar trabalho te impelirá a fazer o jogo dos “truques e dicas”, nem que seja por apenas esses minutos?

Só que tem ainda um agravante. Você terá que ser mesmo bom nisso. Sugiro passar o texto com alguém, como os atores fazem em novelas, pois se não convencer a naturalidade, a mentira será detectada antes mesmo das palavras…

Um modelo surreal. Três elementos forjando uma perfeição inexistente: A empresa, que sendo um corpo, tem suas mazelas, vícios e feridas, o entrevistador, mediador do intento, fazendo seu papel de tarefeiro, olhando o relógio e a fila no lado de fora, mas querendo mesmo é bater o ponto no fim do dia e o candidato que decorou as regras, as dicas para esconder ao máximo a versão dele mesmo. Três mascarados em círculo, sem chegar a lugar algum.

A missão é demasiadamente importante para ser tratada na superficialidade. A abertura de uma porta de entrada em uma empresa é um ato de coragem, de iniciativa e incentivo à novas possibilidades, tanto para a empresa, quanto para o candidato. Afinal, serão horas, meses, anos e uma vida em comum, onde se construirá um relacionamento baseado em troca contínua de esforços e expectativas mútuas. Por isso, para uma nova contratação é fundamental avaliar a imprescindível experiência do entrevistador, sua capacidade de estar no lugar do outro, de conseguir conhecer, analisar e se deparar com realidades diversas, baseadas em histórias e vivências repletas de erros, de acertos, de aprendizados e arrependimentos, comandando com inteligência os relatos, mas com o foco, e esse é o ponto chave, não nos fatores externos somente, mas no peito da empresa, em sua missão, e no peito do candidato, em seu coração. Só assim a escolha recairá sobre a realidade.

A escolha de um candidato “bem postado, “articulado” é o risco de se obter alguém armadilhado, esperto, sagaz, adjetivos bem vindos em outros tempos, quando as empresas precisavam de estereótipos de sucesso. Hoje caminhamos para um equilíbrio entre o marketing estereotipado e a qualidade consciente.

Travar esse jogo é o que se espera para um futuro mais assentado. Na era da sustentabilidade, não aceitamos mais sabores, colorantes ou qualquer outro tipo de estímulo artificial. É hora de jogar limpo.

Por isso, aqui vão minhas dicas rechaçadas, que agora livremente escrevo, mesmo sem nunca ser por elas paga e que ainda servirão para as três partes, entrevistador, entrevistado e empresa:

Para o entrevistador:  Confie na sua experiência, principalmente nos erros que já cometeu e que te ensinaram que não há verdade sem eles. Tenha personalidade! aguce seus instintos e olhe nos olhos, não para ver ser o candidato está mentindo ao olhar para o lado, mas se seus olhos brilham quando falam da sua profissão. Comprometa-se com ambas as partes.

Para a empresa:  Desconfie da embalagem excessiva, pode ser uma bomba!

Para o candidato: Uma técnica é crucial, procure ser sucinto, pois em pouco tempo não dá para contar uma história tão rica como a sua e esqueça suas dificuldades por um momento. Foque no que faz,  pois se for uma escolha sincera,  isso dirá tudo o que importa. Fora isso, SEJA APENAS VOCÊ MESMO!!!

O resto é sorte mesmo!

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