Saí de trás das trincheiras, desculpe a demora…

Ufa… Saí há pouco de trás das trincheiras, desculpe a demora, mas estava em meio a uma batalha campal, melhor explicando, virtual. Não pensem que por isso foi pequena, pois rolaram conflitos, ameaças e tal. Muita tensão. No meio dos combatentes alguns familiares e amigos de um lado e de outro se feriram, outros passaram para o terreno rival e isso mexeu com muitas emoções, sentimentos, laços… Entretanto, valeu para esclarecer muita coisa encoberta pelo silêncio da rotina familiar, mas no final, fez repensar e, apesar dos pesares, o saldo até foi positivo…

apesar de perder,  quer dizer, o meu lado, mas por muito pouco, diga-se de passagem, a luta foi grande. É que o outro lado estava bem mais aparelhado que o nosso, tinha mais munições, algumas pesadas, pistolas, falsas notícias, armadilhas da tecnologia de informação e eram mais tipo ultimate fightings.  Já o lado de cá das trincheiras é assim, como posso explicar… mais reflexivo,  entre conversas e pausas procura se abstrair para voltar a lutar, mas sem se estragar…  algo pra não se corromper no ódio, pois é muito pouco chegado a belicosos confrontos. Gosta mais de debates, diálogos que infelizmente o outro lado se esquivava de participar. Assim, ficou difícil ganhar. Além disso a motivação era totalmente diferente, digamos até oposta. Mas demos trabalho! A luta não foi jamais em vão. Ecoou, fez vibrar!  Nas reuniões, uma das coisas que se distinguia era o som. De um lado, uma barulhenta fola com estrondosos disparos, do outro um som tranquilo, uma melodia.

 Uma manhã, eu acordei
E ecoava: ele não, ele não, não, não

Uma manhã, eu acordei
E lutei contra um opressor

Somos mulheres, a resistência
De um Brasil sem fascismo e sem horror

Vamos à luta, pra derrotar
O ódio e pregar o amor

As cores também falavam. Enquanto harmoniosas deste lado, salpicadas de um condenado mas vibrante vermelho, enchiam um espectro multicor que cruzava o céu de lado a lado, como um arco íris, e finalizava na espiritualidade de um lilás da cor dos olhos de Liz. Toda essa diversidade contrastava com a massa cinzenta e de poucas cores, apesar de reconhecidas, roubadas da seleção, do lado de lá.

Por fim, saímos estremecidos, desgastados de tanta luta viral, mas certos das diferenças que se sentiam entre a defesa e o ataque, entre o bem e o mal. Daqui uma brisa de boa aventurança, uma esperança, humanidade e a bonança, enquanto  no outro isso não se poderia encontrar, pois tamanha era a nuvem de ameaças e raios que lançavam para amedrontar.

Por isso, ao fechar o laptop após um dia de batalha, a sensação, apesar da apreensão e o medo de represálias, nunca antes sentido em anteriores confrontos de ideias e oposições, era de que se estava lutando por uma boa causa. Desde as mais surreais injustiças, da miséria extrema ao preconceito contra a natureza diferenciada, mas sempre humana, do requinte das artes até a liberdade de expressão. Lutamos ao lado dos artistas, dos pensadores, educadores, filósofos, poetas, cientistas, trabalhadores, ao lado dos destemidos e bravos desafiadores do óbvio da genética que com coragem provam que somos imagem e semelhança do criador e que podemos também nos recriar.

Lutamos felizes e sem armas.

Sem remorsos e atentos

e assim, vamos continuar.

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