Não sou ‘aquela” foliã de carteirinha”. Pelo menos não daquelas que entra num bloco e sai do outro, virando noite, trocando fantasias. Não viro cinzas na quarta feira por causa da água perdida do corpo, desfeita pelo cansaço, pela fadiga. Mas Rio sem carnaval, reconheço, é literalmente “Buchecha sem Claudinho, circo sem palhaço”, vai ficar faltando algo. O metrô e as ruas não vão ter aquele colorido, o brilho das purpurinas, a graça do travesti, do improviso, do bom humor esculachado, da liberdade de sair fantasiado.
Mas é o que sem tem para este ano… mais sofrerão as escolas de samba que sobrevivem literalmente desse evento.
Prevejo que muitos vão querer ser espertos e tentar driblar nas ruas as restrições decretadas:
” -Já estamos mascarados… O que?? O álcool?! Não é o gel, mas tá na mão, estupidamente gelado”.
Paes é um carioca da gema que pode se intitular “O Carnavalesco”, mas a coisa tá séria em nossos hospitais. Não há leitos. Não se brinca se não há fantasia. Imagina numa festa onde se cultua a indisciplina. Não dá. Ele está certo.
Então vamos nessa marchinha para 2021:
“Este ano não vai ser,
Igual aquele que passou,
Eu brinquei,
Você também brincou,
Aquela fantasia,
Que eu comprei fica guardada,
E a sua também, fica pendurada
Este ano, está combinado,
É você pra lá, eu pra cá…
Se acaso meu bloco,
Não for pra rua,
Não tem problema,
Ninguém morreu”
Pois é o que há. É o que importa.
No próximo ano a folia volta,
pois tudo só fará mais sentido,
Se eu e você até lá estivermos vivos!
PS: Eu, por mim, vou trocar o feriado. Vou de camaval!