Quando os olhos não tem mais serventia,
estamos cegos.
Uma drástica transformação planetária caminha a passos largos! Nada de enfático ou profético, mas como o fogo aquece o óleo, que move o motor, e aciona a máquina, ações e reações físico-químicas caminham em uma sequência lógica de causas e efeitos e acionam a roldana de mais uma mudança de ciclo, cada vez mais invasiva.
Após tantas “mexidas” na natureza humana e em outras tantas naturezas, todas desrespeitadas, o que mais poderíamos imaginar? O mecanismo cíclico é automático e uma vez acionado é muito difícil o conter, nada pode freá-lo, muito menos fazê-lo voltar atrás. O máximo que conseguimos é amenizar o embate. Portanto, a saída talvez seja apenas suportar as consequências desse movimento reativo e automático em sã consciência e se afastar do estado de cegueira.

Ferramenta opcional, a cegueira que me refiro não é aquela física, mas sim, a interna, proveniente do sistema mental. Bem mais complexa, sendo reflexiva, é ali que se aflora a consciência individual, que quando ofuscada pelos olhos externos provoca a cegueira que me refiro.
A (in)consequência de nos afastarmos de nossa própria natureza e daquela ambiental, não é preciso ser um estudioso para prever o resultado, terá um efeito devastador. Algo como um Tsunami nos pegando de surpresa e de olhos vendados. A sensação será como cairmos em queda livre e velozmente por buracos desconhecidos, algo impossível de escapar.
Repito, uma vez acionado, o trem cíclico corre descarrilhado, e se podemos algo fazer é começar por tirar as vendas que nos impede de enxergarmos algum meio de salvação. Ainda vamos em tempo de assumir maturidade, revisar conceitos, alienações, “osmoses” e comodismos. Não há mais opção de escolha, persistir na cegueira é como querer tomar um veneno para sobreviver.

As injustiças sociais, políticas, raciais e outras tantas, apesar do enorme progresso material e tecnológico, ainda estão longe de serem banidas nesse planeta. Nunca se buscou a justiça em prol de uma ordem maior, mais ampla e atemporal. Aleatoriamente, foram adotados padrões e regras sob influência de uma parcela da população mundial que se apoderou do planeta. Um sistema que não condiz à visão do nosso Eu, diretamente conectado ao coração, que aos poucos foi perdendo voz e espaço.
Haverá um momento de rebelião interna em que o coração emergirá como válvula de escape e, forçosamente, irá imperar, automática e soberanamente, audível e à ouvidos nus. Irá atuar em todas as áreas e espaços, principalmente onde já houver maior confluência de pessoas trabalhando em prol do planeta. À medida que o sofrimento humano vai se avolumando, coletivamente, até não poder mais ser suportado, a possibilidade de surgir uma resposta à altura, naturalmente, virá.
O fato de se conviver, sem querer enxergar, com as mesmas atrocidades de outrora e repeti-las de diversas formas, acionará de um modo ou de outro e, possivelmente em igual intensidade, uma força que nos impelirá a ter mais zelo e cautela para lidar com o que já demonstra ser a chave principal de uma sobrevivência futura.
Todos os sistemas são retro alimentadores, auto regeneradores. É científico.
É a ciência seguindo os passos da natureza.
Serão necessárias aberturas de portas e divisas para a diversidade em todos os aspectos, desde fronteiras à religiões, raças, gêneros ou classes sociais como solução para desconstruir a visão unilateral, hermética, que ignora seu vínculo com o sofrimento mundial, gerador de desequilíbrio energético, onde habitam sentimentos de ira, dor, violência, egoísmo e pobreza.
Uma imagem ampla, aberta, pluralizada, mais verdadeira e efetiva, rica em conteúdos, ativadora da inteligência avançada, evolutiva, em sintonia com o coração de forma mais participativa e cooperativa irá influir numa imagem psicologicamente mais sã.
Nesse momento, sem darmos por isso, locais com maior atração de pessoas estarão sendo impingidos a reavaliar a sua participação humanitária na história, reconquistando sua verdadeira vocação, controlando e descartando suas expectativas primitivas de egoísmo e ganância, permitindo a transparência de suas atividades e auxiliando na purificação do seu em torno, contribuindo para manter minimamente menos desastroso o fechamento deste ciclo planetário.
A cegueira não é mais opcional. É hora de se enfrentar com coragem as primeiras horas de caminhada no escuro até que os olhos internos ligados ao coração voltem a reagir e à sentir que podem novamente dominar o caminho.

Olha aonde fui parar… logo no tema que mais gosto “humanidade e seus desvios, incertezas, certezas e mistérios.” O vão humano, vasto e intenso que o distingue dos demais animais. Esse vão que nos permite ser cruéis indivíduos que dilaceram vidas semelhantes ou iguais, ou divinos, lutadores e desbravadores das alegrias, plenitudes e perfeitas criações. Lendo seu texto, Katia, lembrei do que somos feitos: do caos de nós mesmos. Somos tudo e não somos nada. Somos o que somos, desde que o mundo é mundo. Nos encaminhamos para diversos caminhos e um único ao mesmo tempo. Trilhamos os espaços conjuntos, quando trilhamos os individuais, vez por outra, sem nem saber. Mas trilhamos… fomos passado, somos presente e seremos futuro. Uma confusão só. Bons? Talvez. Cruéis? Também. Somos tudo isso. Melhoramos e puíramos… incessantemente. Bela leitura que faz refletir sobre o mundo e seus diversos tempos, seus atrasos e avanços de uma só evolução. Obrigada por compartilhar seu talento com o mundo!!
Obrigada a você por acrescentar conteúdo com uma bela análise nesse comentário. Sua contribuição neste blog será muito bem vinda!