Um Sonho Passado à Limpo

Era uma festa. E com muita gente! Onde? Não sei, mas no local havia várias entradas e saídas, espaços abertos e fechados, gente para todo lado, nas mais variadas vestes, cores e formatos. Eu vestia um vestido de alças largas, preto, que se ajustava na cintura e dali para baixo fluía solto, indo até um pouco acima do joelho. Sabia não estar vestida para uma festa, mas o ‘pretinho básico’ me favorecia e, assim, eu continuava a circular entre mesas, convidados e garçons. Alguns rostos se aproximavam para ‘meter’ conversa comigo, mas eu parecia livre o suficiente para conseguir me desvencilhar deles, exceto quando surgiu um homem de aparência jovial, moreno, bonito e simpático, que puxando conversa, entre tiradas engraçadas e inteligentes, me deu um beijo. A partir daí, andou ele onde eu ia, me acompanhando, mas sem me cercear. De repente não o vi mais, nem tampouco o procurei. Fato é que me vi impelida a ir atrás de outro algo, momentaneamente mais necessário. Algo que mesmo sendo comum soa ‘desprezível’, principalmente em narrativas oníricas, das quais esperamos algo mágico e florido. Mas me vejo no direito de não interferir na história, seja ela qual for ou como se apresente. Fato é que, a autora, ali, na cama, dormindo pesado, tinha a mente me forçando a ir em busca algo específico para esvaziar a bexiga, literalmente falando. Eis porque, na festa, abandonei os meus desejos inconscientes para dar à eles outro desfecho. Não demorou muito para que eu começasse a ver pelo salão as ditas e apropriadas ‘patentes'(pesquisei sinônimos mais poéticos) que estavam espalhadas por todo lado, algumas até bem próximas das mesas. Eu, simplesmente, me recusei a usá-las ali em público, mesmo que isso já me doesse. De modo que tratei de levar, como se estivesse sentada numa cadeira de rodas, um dos cambrones (sinônimo, este sim, mais propício) para um local mais isolado e discreto. Mas mesmo ali, as pessoas, ora sozinhas, ora em grupo, continuavam a tentar me contar algo, enquanto eu continuava tentando me isolar, inutilmente. Eis que, finalmente, e de repente, encontrei um banheiro, enquanto tentava lembrar dos detalhes, achando graça do sonho.

Freud ficaria de lado desta vez. Fui buscar um significado ‘pop’ no Google. Descobri que sonhar com sanitários pode ter vários significados, desde: 

  • Vazio emocional – Pode indicar sentimentos de solidão, vazio emocional ou falta de satisfação em algum aspecto da vida.  
  • Transição – Pode ser um reflexo de um período de transição.  
  • Novas oportunidades – Pode ser um sinal para buscar novas oportunidades ou preencher algo que está faltando.  
  • Exposição de questões íntimas- Pode indicar que o sonhador está expondo questões íntimas ao mundo exterior de forma inadequada.
  • Dificuldade de ter um espaço privativo – Banheiros sem divisórias podem indicar dificuldade de ter um espaço privativo e íntimo para ser mais espontâneo.  
  • Necessidade física – Sonhar que está fazendo xixi pode ser um sinal do inconsciente de uma necessidade física que ainda não foi sanada.

Numa análise mais acurada, cada elemento ao redor, dentro daquele ambiente festivo, estaria representando algo importante, mas tendo havido nele tamanha interferência como esta, e de forma tão brusca, não desejada e forçada, me inclino apenas a última hipótese.

Obs.: Este sonho recuperei do meu famoso ‘caderninho azul’. Estava sem data, esquecido, apenas um rascunho. Provavelmente o escrevi quando nem sequer me importava em interpretar os sonhos, mas como, ultimamente valorizo mais esse tipo de fonte, mesmo porque a natureza, contraditória já me faz esquecê-los com mais frequência, o resgatei e passei à limpo.

Deixe um comentário