Beatriz e Um Romance à Moda da Casa

Pintura acrílica de Monica Werneck
Pintura acrílica de Monica Werneck

Prefácio

Há histórias e estórias…

A diferença está quanto ao peso e as consequencias no tempo. Se o enredo a ser contado conseguir se pontuar como algo transformador no tempo, somos obrigados à escrevê-lo com ‘H’ e registrá-lo nos livros acadêmicos, mas se, por outro lado, interessar apenas à nós mesmos pelo fato de tomar todo o nosso já escasso tempo, então é com ‘É’ que o escrevemos.

Mas há estórias e estórias…

Há as que, contadas, dão belos romances, como há também aquelas que se enterram com o dono e, ocultas, inspiram dramas ou até suspenses, mas que, dependendo da quantidade de tempo desperdiçado, se o resultado também for insosso, após análise, podem virar comédia, quando não, um filme cult francês, desses de fazer dormir na cadeira.

Todas as estórias, porém, são, isto é fato, únicas, exclusivas. Afinal, vivemos como num gráfico cartesiano. A variável ‘X’ no eixo vertical representa o(a) protagonista com seus caracteres, genes, sua personalidade que não se repete, com seu esboço de roteiro digital escrito nas suas pontas dos dedos. Enquanto ‘Y’, no eixo horizontal, representa os acontecimentos ao longo do tempo. Á toda interseção (X,Y) o resultado sai diferente porque quando Y1 topa no X1 o resultado é diferente de quando cai em X2 e, assim por diante, ao infinito. São, portanto, experiências de vidas que nunca se repetem diante dos mesmos ou outros fatos, contando, além de tudo, com o tal livre arbítrio.

E o que isso tem a ver com a nossa estória?

É que se a felicidade pudesse ser, efetivamente, apenas seguir um rumo, um roteiro, e que as bençãos nos fossem sempre dadas no fim, assim, de graça, Beatriz poderia fazer da sua um grande romance tamanha é sua mente avassaladoramente fértil, não fosse ela ser também enrolada…

Mas sua estória nem é um exemplo de resiliência e superação, um modelo inspirador para enredo de autoajuda. É uma história real, de uma vida cheia de curvas, meio ao sabor dos ventos, com cores e formatos variados unidos a algum tédio quadrado e cinzento, com uma liberdade dada por seus pais mais precoce do que se podia.

Fato é que, já advirto, nem mesmo o tempo conseguiu organizar os fatos desse pretenso romance em início, meio e… (nem sei se terá) um fim, aqui, e por escrito, o que faz dele uma viagem ao ‘Deus dará’, acho que é o que chamam de Destino.

Mas, seja qual for o seu real estilo, seguramente irá fazer girar a cabeça a alguns, assim como companhia a muitos que esperenciam uma vida toda sem planejamento e cheia de desvios ao qual como aquele almoço que se prepara com os ingredientes que tem na geladeira, bem à moda da casa…

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