Empregar em tempo de crise

 

EMPREGAR EM TEMPO DE CRISE

Em qualquer crise os obstáculos vão sendo transferidos de um para outro. Um círculo concêntrico vai se formando com ondas que vão arrastando impiedosamente tudo que está ao seu alcance. O movimento sem contenção, ganha velocidade e à frente já não se enxerga muito bem onde tudo e todos vão parar.

Exatamente como ocorre na Teoria do Buraco Negro de Stephen Hawking, onde forças magnéticas concêntricas movidas pela gravidade não permite que nada escape, nem mesmo a luz, em direção ao nada.

Hawking entretanto revelou, recentemente, em um simples artigo, mas que nem por isso deixou de ser polêmico, que a matéria “sugada” pela força gravitacional do buraco negro seria afinal retida apenas temporariamente, sendo depois liberada, mesmo que com formas distorcidas, diferentes daquelas originais.

Dessa forma, observou que nada se perderia. Apenas se transformaria. De Buraco Negro sua Teoria deu lugar então ao Buraco Cinza fazendo crer que a luz pode voltar, mesmo que “transformada”, mas ainda assim trazendo alguma claridade.

Polêmicas à parte, deixo aos cientistas a discussão sobre a matéria que lhes pertence, mas retiro da “relatividade” a possibilidade de traçar um paralelo com a nossa atual situação de crise.

Uma crise num cenário de uma onda gigante arrastando a economia, um governo, uma sociedade, seu desenvolvimento e a nossa esperança para um buraco negro. Pânico espalhado, desânimo, dramas e tragédias sucessivas resultando num prognóstico obscuro. Um quadro que não parece credível de retornar alguma luz, mesmo que transformada.

A crise se instalou. Partiu de vários pontos indo para uma mesma direção onde a escuridão de um buraco (fig. infrm. local retirado, muitas vezes sem as comodidades do progresso; lugar isolado) que tudo suga. O botão de alarme já foi acionado -“salve-se quem puder!”. Braçadas, pernadas, gritos e tudo mais, quanto mais movimento, mais desespero, empurra empurra, mais peso, mais a gravidade opera, alimentando o desastre.

Dissecando, como na ciência dos grandes universos para uma partícula menor e mais fácil de “operar” , tentando buscar um movimento contrário à onda devastadora, focamos na menor célula desta crise. Uma célula capaz de se mover indefinidamente, independentemente. Uma célula que produz, reproduz e que alimenta o seu próprio sistema. Uma célula com energia própria, uma fonte de vida, um ponto de partida.

Neste sistema, esta célula é o trabalhador.Providências precisam ser tomadas, óbvio, drásticas até. Mas, no universo empresarial,  sintomaticamente, essa ações começam sempre pelo corte dos trabalhadores, nesse caso, das células vitais . Uma pontaria precipitada cujo resultado, fatalmente, irá precipitar o agravamento da a situação. Extirpando essas células vitais, de energia própria, capazes de operar contra a gravidade e as ondas concêntricas do “buraco negro” teremos mais dificuldade de enxergar a chance de um retorno.

Sem essas células vivas, o universo à nossa volta é um abstrato infrutífero, à mercê das ondas, marés e torrentes. A reconstrução se torna inviável. É necessário, agora mais do que nunca, fortificá-las, torná-las mais saudáveis, produtivas e competentes, assegurando-lhes a capacidade de bloquear a onda negativa e neutralizar o caos.

Apesar de economizar na folha de pagamento ser aparentemente uma lógica para as mentes empresariais que dão início ao descarte do que eles consideram peso morto, sem compreender que na verdade estão mexendo com as células vitais, apostar na solução inversa ainda é o mais sensato: EMPREGAR em tempo de crise é a única solução! Além disso, em momentos de crise, ou em qualquer momento de tragédia que ocorra no coletivo, automaticamente surge em paralelo o sentimento de cooperação. É uma rara oportunidade na sociedade. Talvez esse seja o retorno da luz, apesar de transformada. A cooperação mútua entre empregadores e empregados nesse momento é muito importante, equilibrando riscos e benefícios para ambas as partes, assegura a manutenção da cadeia alimentar, de sobrevivência de todos. A produção: empresas, funcionários, fornecedores e clientes não pode parar. Essa troca é fundamental para a economia e a sociedade.

Uma sociedade desempregada, é uma sociedade doente, miserável e sem força para lutar. Uma célula extirpada é um universo sem retorno.

 

9 comentários em “Empregar em tempo de crise”

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