Marcando Tempo: o relógio, a vida e o mundo lá fora

Doze horas e mais doze horas ritmadas. Dia, meio dia, noite, meia-noite, dia, meio-dia… Duas pontas girando, marcando, começando no 1, terminando no 12, para recomeçar no 1, em movimento circular e infindável. É ininterrupto, mundial. O relógio vai marcando o tempo no compasso das frações de segundos, sem início nem fim.

Olhando o relógio, hipnotizados pelo movimento, a vida caminha em paralelo, mas de outra forma. Sempre de olho no relógio, ela começa pela fração 1 de segundo após o primeiro respiro e vai somando, sempre contando, mais um dia, um mês, até 12 meses e … continua, não recomeça, 1 ano, dois anos, três, quarenta… até o último respiro! A natureza acompanha a contagem flagrando no próprio físico a mudança que o tempo marca. Neste percurso, não há círculo, mas somente um segmento de reta, com início e fim.

Enquanto isso, uma semi reta concorrente avança lá fora. É a do mundo que se transforma.  Sem limites, sua força implacável pressiona os dois pontos extremos do segmento de reta tentando extrair apenas o suco, aquilo que lhe interessa. Comprime-os um contra o outro, até que o segmento enverga, desenhando a forma de uma parábola. Neste momento, verifica com sua régua graduada em escala de valores o ponto mais alto da curva forçada e extrai apenas a vida “útil” que deseja e o restante despreza.

Exatamente assim funciona a relação entre o relógio, a vida e o mundo lá fora. O relógio com sua cadência monótona, sempre se renova. Após a meia noite o mesmo dia volta. Muito diferente da vida que, apesar de finita nada corresponde à sua monotonia, pois em cada passo escreve novo compasso, que nunca mais volta. Pior ainda, entretanto, é a vida com relação ao mundo lá fora, pois que extrai somente o que dela valoriza, muito pouco da sua história.

 

 

15 comentários em “Marcando Tempo: o relógio, a vida e o mundo lá fora”

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